domingo, 6 de março de 2011

A outra face

Procurei-te como quem procura algo que perdeu e encontrei-te, mas quando te encontrei afinal descobri que me enganei. Sonhei, abdiquei, deixei, sorri e insisti, fui feliz e magoei-me, mas tudo isto com "conta, peso e medida" porque afinal, de tudo o que abdiquei, de cada sorriso que dei, de cada dor que a mim próprio causei, reparei que tu não querias nada a não ser magoar-me e iludir-me. Sonhos que deixei, ilusões que esqueci, sorrisos que nunca mais vi, felicidade que nunca mais encontrei. Construções inacabadas na minha cabeça de um projecto de vida a dois que afinal não passaram de construções de ilusões de uma vida a dois criada por uma só pessoa, eu mesmo. Agora deixo que a dor me consuma e me distrua por dentro, me retire o sorriso e a alegria com que vivia por fora. Neste momento sou escravo da tristeza, vivo com ela, durmo com ela, acordo com ela, faço tudo com ela, no fundo posso dizer que ela é a minha vida. Não é ela que gira à minha volta, sou eu que faço tudo o que posso e não posso em torno dela, refugiu-me nela, uso-a como escudo contra a felicidade, porque descobri que me magoa ser feliz.

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